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Autopsicofonia

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O ator é fingidor,

finge tão completamente

que convence o espectador

que sente aquilo que não sente.

(Paráfrase boba do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa)

Representar ou interpretar?, me perguntaram. 

Representar é…hum. Pense na tarefa de um representante. Ele comparece a um evento substituindo alguém que não foi. Ele representa aquela pessoa. Representar é isso: estar no lugar de outra pessoa.

Interpretar é diferente. Quem interpreta observa, analisa, reflete. Interpretação significa, de certo modo, formar e emitir opinião.

No palco também. Representar é estar lá, apenas. Substituindo uma pessoa que não pode falar por si (por ser obra de ficção, como Romeu; por já ter falecido, como Cazuza; por não ter interesse em ser ator, como Patch Adams). Quem representa, está como substituto de alguém.

Interpretar é criar. Extrair significados de cada frase do texto, de cada marcação. O ator que interpreta sabe as motivações da personagem, sabe o passado dela e o contexto social onde ela viveu. Sabe a razão de cada gesto das mãos, de cada passo. Sabe o significado por trás de um passo para o fundo do palco, ou de três passos na direção do outro personagem. Interpretar é criar os tiques, o andar, o ritmo da respiração. 

Representar é trabalho mecânico; interpretar é trabalho criativo.

Interpretar é o trabalho do ator.


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